23.3.05

Seu coração

O coração, antes humano, era agora um labirinto de refúgios lilazes.
Lilás como a frieza discursiva de quem fala apenas de si
e como a palidez da flor não enviada.

Os muros por um intervalo tornados transparentes,
acirram sua opacidade temendo mostrar o caminho

O cenário sórdido da festa indescente, para a qual os verdadeiros
amores não foram convidados, é iridescente.
Vezes mostra os corpos, vezes, o que ficou de fora.

Sobrou esse subterfúgio árido,
com diversas saídas para outro lugar e para si mesmo.
São escolhas.
Não há mais minotauros a enviar.

O fio de Ariadne amorosamente tecido, recolhido foi,
para salvarem-se e sair de onde não podem mais permanecer.

O coração, antes humano, em labirinto de refúgios se transfêz.
Lilás de uma boca muda e inerte
Lilás como tez deslumbrada.

A palidez da flor não enviada, capturada foi
e replantaram-na em algum lugar de amorosa umidade.

Muros, por um intervalo, tornados transparentes.
Muros, rejeitando seus bastardos.
Murros que estancam nossos íntimos azuis escravos.

Estas histórias constróem cicatrizes.
As cicatrizes são lilazes.

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