23.3.05

A escritora

E nasce e cresce, esta escritora, que evito e escondo. Em nome fictício, em português errado. Insistente em me traduzir para mim e me confundir para o outro. Está onde penso que não estou e vê o que evito ver com olhos de carne; depois me conta, em ondas, em nós em versos. Não mede muito as palavras, nem as guarda em diários póstumos. As arrebata de mim e as cospe sem os suavizantes lacres, sem a piedade do retorno frio, lacônico, monossilábico. Esta sim, esta me maltrata, com sua crueza e virilidade de moça, em palavra, viciada. Em tudo proibida, em nada acatada. Escritora, poeta, em vida de faca. Rarefeita, solitária, desalmada, Noir.
Quando fala, lhe imprimem silêncio, silêncio eloquente e mordaça.

Queria essa moça pra mim. Um poema seu e correria ávida para seus braços.

Um comentário:

blogadict disse...

É difícil começar. Depois, as palavras são mais velozes que a caneta... :)