16.4.05

A tal da Flor do Medo

Branco fugidio em cada pétala,
Palidamente corada no interior do cálice,
Hastes do azul de 100 anos,
Pontas de fogo evitando contato.

Flor que estanca urgências,
Distrai afetos espontâneos,
E se ele morrer agora?
Flor não terá deixado ele beber da boca proibida!

Inala esta fleur para ganhar mil camuflagens.
Exala aparente controle.
Oculta o amor em macho-disfarce.
Permanecendo ereto, com seu coração intacto.

Flor que proibe os vícios.
Separa e une os amantes.
A serviço da Igreja, a serviço,
do medo, a serviço, do Homem,
do controle, do padrão, do mesmo.

Flor da impossibilidade

Flor de formol, de fórmula, nega a fome.
Florece canibalizando,
devorando o que é ousado.

Eu te arranco as pétalas flor.
Amarga o amor em minha língua.
Cuspida em palavra, com-paixão,
que corta com sua cimitarra

Flor do medo
Flor da imutabilidade.

Clarisse Tarran

Um comentário:

blogadict disse...

Está nas nossas mãos vercermos os medos, só assim podemos dizer no fim que vivemos.Um abraço